Plantonista de um grande hospital da rede estadual e presidente do Sindimed. Atualmente estas são as funções de destaque na vida profissional do médico José Caires Meira. Entretanto, a maioria dos profissionais que ele representa desconhece a atividade paralela que exerce ao produzir um interessante evento de música em sua cidade natal. Dr. Caires está por trás da Jornada Lindembergue Cardoso, realizada desde 1995 em Livramento de Nossa Senhora, na Bahia. Ele é o idealizador, organizador e responsável pela captação de recursos e pela apresentação do evento, que chega a reunir cerca de 2 mil pessoas por noite.

O seu lado produtor cultural provavelmente ajuda a manter acesa a memória dos programas de música caipira ouvidos com a avó às cinco da manhã, quando criança, passando por uma adolescência ao som de Raul Seixas e outros ídolos do rock e pela militância inspirada por Geraldo Vandré e Chico Buarque, nos tempos da faculdade. Com esta trajetória, presume-se que a música que ouviu ao longo da vida tenha inspirado o seu lado cultural e também o papel político que exerce. "Tenho paixão por música e sempre acompanhei diversos estilos. É uma linguagem universal que não tem fronteiras nem se permite censuras", declara.

Da infância no interior, Dr. Caires se lembra que era comum as crianças terem uma iniciação musical na filarmônica. "Aos oito anos eu tinha muita vontade de entrar, mas era novo demais para isso. Morria de inveja dos que conseguiam! (risos)". Livramento tem uma relação especial com a música e Dr. Caires tenta explicar o porquê: "Esta e outras cidades próximas tiveram uma forte influência da estrada real que, na época do Brasil colônia, cortava aquela região para levar a Minas Gerais as pedras preciosas das lavras diamantinas". Na opinião dele, esse fato atraiu pessoas com espírito aventureiro e que buscavam fortes emoções tanto na busca pelo minério quanto, provavelmente, também na música.

Aos 18 anos, mudou-se para Salvador para prestar vestibular para medicina, movido pelo desejo de salvar vidas. Logo se envolveu, junto com outros jovens conterrâneos, num movimento para tentar conquistar uma residência estudantil livramentense. Sempre interessado por artes - música, canto e fotografia, viu que uma boa forma de fazer o movimento ganhar visibilidade era através da Semana da Cultura, que criou junto com seus colegas. "Nas férias, realizávamos em Livramento peças de teatro, programas de calouro, festival de música e uma série de debates". A iniciativa foi bem-sucedida e os jovens conseguiram a casa. "Éramos 20 estudantes e uma governanta. Morando juntos, desenvolvemos um senso de cooperação e de coletividade". Este episódio, certamente, explica o seu engajamento tanto na produção da Jornada quanto na reivindicação dos interesses da classe médica - em 2010, completou 15 anos participando da diretoria do Sindicato.

E por falar na trabalhosa tarefa de produzir a Jornada, Dr. Caires diz que ela só não acontece todo ano por causa das dificuldades. "É um evento que nunca foi patrocinado. Sobrevive graças às contribuições individuais. Há o meu empenho pessoal, o da minha família e o de amigos para superar os obstáculos que se opõem à sua realização". Sem contar os projetos pessoais que são sacrificados em função dessa causa coletiva que já faz parte do calendário da cidade. Entretanto, o médico diz que é muito gratificante ouvir o povo dizer que está na expectativa da Jornada e acompanhar os artistas manifestarem o desejo de participar da iniciativa. "Além de cantores e grupos pequenos, nomes consagrados como Fred Dantas, Elomar Figueira de Melo, Roberto Mendes, Jorge Portugal e o também médico Tuzé de Abreu já nos prestigiaram", lista.

Eclético, o médico instituiu na Jornada o slogan "Uma música em cada canto". A oitava edição do evento, ocorrida entre 28 e 30 de janeiro, contou com pop-rock, chorinho, samba, reisado, baião, cordel e filarmônicas. "Os músicos vão tocando em vários lugares até todos se encontrarem na Praça Zezinho Tanajura, onde se apresentam as maiores atrações", explica. O evento foi idealizado para homenagear Lindembergue Cardoso, filho ilustre da cidade, falecido em 1989. Dr. Caires diz que é uma forma de resgatar o legado e o valor do maestro, compositor e multi-instrumentista.

Além de movimentar o comércio da cidade, a festa musical de Livramento acaba sendo importante também para a medicina. Na opinião de Dr. Caires, é uma chance de colocar mais um pouquinho de música e sensibilidade nos corações dos médicos da Bahia, para que não fiquem muito duros com o sofrimento humano visto no cotidiano da profissão. "Por causa da longa jornada de trabalho que a maioria dos colegas enfrenta, deixamos de ser mais felizes por não termos tempo para a arte e o prazer que ela pode nos proporcionar", diz, convidando todos para uma visita à pequena cidade do sudoeste baiano, durante a próxima Jornada Lindembergue Cardoso.

 

Fonte: Camila Martinez | Ascom - Cremeb

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